segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Entrevista: Candidato Paulo Nobre.

O Lancenet entrevistou o segundo candidato a presidência do Palmeiras, e estamos aqui acompanhando.

Paulo Nobre é o mais jovem dos candidatos à presidência do Palmeiras. Conselheiro desde 1997 e vice-presidente de Affonso Della Monica em 2007 e 2008, o empresário, formado em direito, considera reais suas chances de se tornar presidente, na quarta, aos 42 anos.

Nobre se diz uma terceira via, contra as candidaturas de Salvador Hugo Palaia, atual vice, e Arnaldo Tirone, da oposição. Conhecido por "Palmeirinha" no mundo do automobilismo, o também piloto de rali evitou rebater os ataques de Palaia, apostou no torcedor para atrair mais receitas ao clube e falou em profissionalização nesta entrevista, em seu escritório, no Itaim.

L!: Por que Paulo Nobre está pronto para tal cargo?
Desde que eu me conheço por gente, respiro Palmeiras. Meu sonho era ter sido centroavante. Mas quando cheguei à conclusão que não tinha categoria, eu desisti (risos). Estou na vida política desde 1997. Tenho o sonho de ser presidente, mas jamais toparia se não me sentisse apto. Já fui vice, estive próximo do poder. E não tenho dúvida que estou capacitado, levando minha experiência profissional, implantando uma maneira mais profissional. O caminho é profissionalizar ao máximo o clube, separando o futebol da parte social.

L!: Como gerir o futebol? E quem estará à frente deste setor?
A cabeça do torcedor é só futebol. Mas quando você frequenta o clube, entende que é uma sociedade esportiva. Não pode esquecer do clube. Para o futebol, num primeiro momento, eu vou assumir o comando. Não terei vice de futebol, talvez um diretor que vai me auxiliar. A intenção é profissionalizar alguns departamentos do clube, que demandam tanto trabalho, que a pessoa se prejudica na vida profissional. A diretoria de futebol entra no mesmo patamar. É preciso um profissional remunerado. Mas preciso encontrá-lo, com características de manager. Quando achar tal profissional, passarei o comando do futebol.

L!: O clube atrasou salários, tem dívidas... Como trabalhar isso?
Está claro para os três que o problema existe. Não adianta iludir o torcedor. A ideia é ter um time eficiente, aguerrido. O início de um trabalho começa com uma comissão técnica séria, que temos. O Palmeiras tem receitas interessantes, com essas receitas dá para ter um time competitivo. O torcedor não é bobo, eu vim da arquibancada e sei dos seus anseios. Salário em dia é obrigação. Não é com passe de mágica que vamos resolver isso. Mas não me preocupo, porque as receitas do futebol são suficientes. A preocupação é com a dívida. Ao separar o futebol do social, um não se esconde mais no outro. O pessoal do futebol prova que as receitas cobrem despesas. Falam que o social dá prejuízo. Mas muitos custos que deveriam ser arcados pelo futebol são pagos pelo social: seguranças, transporte, roupeiros. Quando você separa, você enxerga os dois ralos e vê o verdadeiro vilão. A dívida bancária é grande. A atual gestão renegociou, alongou a dívida. Pagamos 22% ao ano de juros, acredito que consigo reduzir para 13%. É verba para ajudar.

L!: E como aumentar receitas?
A receita alternativa é o torcedor. Ele é nosso consumidor, público alvo. É um torcedor fanático, que tem de ser entendido. Você precisa conhecer o público: quantos palmeirenses existem? 15 milhões, 16 milhões? Temos de saber isso, sua classe social, sexo, idade, anseios. O que ele quer? Conhecendo o consumidor, dê a ele o que quer consumir. O torcedor, ou o sócio-torcedor, pode ser a grande fonte de receita. Uma das ideias é fazer com que ele participe da vida política. Como fazer sem ferir o Conselho Deliberativo? A ideia é uma eleição em dois turnos: o primeiro dentro do Conselho. Sobram dois candidatos, que iriam para o segundo turno em assembléia geral, onde sócio e sócio-torcedor elegeriam o presidente. O conselheiro não perde autoridade, porque votaria nos dois turnos.

L!: O programa de sócio-torcedor atual não emplacou e é falho.
É uma pedra preciosa que não foi lapidada. A ideia não é sucatear ingresso. Não posso prometer ingressos. O sócio-torcedor terá prioridade no ingresso. Você pode, sim, dar descontos, ter camisas populares, matar cambista, o pirata.

L!: Belluzzo trata a dívida na casa dos R$ 80 milhões. Outros falam em R$ 150 milhões. Qual é a real dívida do Palmeiras?
Só vou poder responder quando eu sentar lá. Você pode analisar um balanço de várias maneiras. O Palmeiras precisa saber a dívida que tem de honrar com bancos, investidores, jogadores. O Belluzzo é muito bem intencionado. Que torcedor achava que o Palmeiras não seria campeão em 2009? Se fosse campeão, o quadro seria outro. A dívida se saiu grande, mas eu tomo muito cuidado antes de sair pichando.

L!: O Palaia o chamou de burro e aventureiro. Como rebate isso?
A campanha é algo sério. Eu foquei em falar dos problemas do clube, buscar soluções. Eu tenho carinho pelo Palaia. Não é agradável quando solta farpas, mas é problema dele. Eu gostaria de ter tido o seu apoio. E ainda conto. A pacificação do clube não acontece após a eleição e sim na campanha. Se você ganha voto com soluções, tem totais condições de chamar qualquer grupo contrário para ajudar. Mas se você baseia a campanha descendo o pau, como vai convidar alguém?

L!: Você é empresário e piloto de rali. Como administrar a vida profissional com a presidência?
Quando eu fui vice, eu corri em 2007, porque tinha um contrato com a BMW. Em 2008 eu parei. O Palmeiras é prioridade. Não tem a menor condição de ser presidente e correr. Já estou me preparando para dedicação integral ao Palmeiras. Vou conseguir administrar os negócios de longe. Tenho pessoas certas nos lugares certos e os negócios vão de vento em pompa. Quero levar meu sucesso profissional para o clube.

*Nesta terça, entrevista com o candidato Arnaldo Tirone.

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